domingo, 9 de agosto de 2009

Um Tapa

Um tapa nasce

do acasalamento

de formigas na mão

com pontadas no peito.

Neste estágio ele é ainda

grudado a mãe, indefeso,

sem grandes certezas,

ou dúvidas,

não passa de um inocente

sopro de vida.
...

Um tapa cresce

quando a mão espalma,

com a tensão e raiva

de um guerreiro ferido.

Ele agora é independente

e visível ao mundo,

mas nas suas infantes

travessuras ainda pode

se esconder atrás

do escudo fiel do sarcasmo.
...

Um tapa amadurece

como árvores a busca de luz,

ganhando de um membro

a altura de um arranha-céu.

Vilão da vingança, formado

no "v" do que é braço

e do que vem antes,

na postura de um adulto ereto,

com convicções inabaláveis

no auge de sua carreira.
...

Um tapa envelhece

a cada milímetro que decai,

para o seu fim certo,

enrugando-se em

tentativa tão humana

de reafirmar juventude.

Tudo é nostalgia e reflexão,

incertezas terrenas a buscar,

ainda que no inferno,

compaixão.
...

Um tapa morre

em um "plaAaft",

que muitos confundirão

com o Big-bang

ou o fim do mundo.

Neste estágio é o caótico

da fisicoquímica da matéria

que não pode ser vista

na velocidade vermelha

da luz que se estampa

na maçã esquerda

de um rosto pálido.
...

Um tapa nos assombra

cada vez que lembramos,

como alma penada

que insistimos afirmar

ser de outro mundo.

Mas, um tapa, é

uma verdade insólita

e inexoravelmente

condescendente,

que teremos de conviver

ao reler as páginas

de nossa história.

Um comentário:

  1. Pôuxa, legal moça, bem legal!

    A parte que ele envelhece, mas busca a juventude, tá relacionado com o caminho de incertezas que existe no espaço de tempo entre criarmos o movimento e o movimento estar executado?

    =D

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