sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Solidão em não Ser

Queria entender o porque

deste medo de morrer sozinho.

Vivemos uma vida inteira sós.

Porque penar que na morte,

que logo no fim seria diferente?
...

Escritores e leitores solitários

na paixão pela quebra

de espectativa, na esperança

de realizar, o que nunca conseguiram

em um utópico final feliz.
...

Rasgo as páginas de meu livro

de cabeceira, de retalhos decompostos;

visto as meias; deito ao meio

da cama de casal; o cobertor;

comprimo redondas letras goela a baixo.
...

Queria entender o porque

deste medo de morrer sozinho.

E então apenas morro.

Poque a única resposta esta na experiência

intima, interna, vívida, sozinha.

domingo, 27 de setembro de 2009

Um Gemido

Posso falar do todo.

Posso recitar todas as frases consagradas

que já disseram e repetiram desvendando o amor.
...

Difícil é descrever o momento.

De ter ali, diante de você um pedaço

que não é metade, que nem te pertences.
...

Posso fala, mas não

conseguirei faze-los sentir.

O que no frio da espinha me possui.
...

Difícil é assumir sem medo

de me apunhalar entre tua espada.

O que não é vida, mas sopro de prazer.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Meu Coração que Corre

Em fascínio e assombro,

vejo o vento cruzar meu destino.

Nuvens e folhas que me perseguem.

Toda a fotografia hollywoodiana

que deixo da porta para fora,

enquanto sozinha choro.
...

Aqui, pensando, soubesse em quem.

Sempre, menor, por alguém.

Fico, vou, me iludindo.
...

Psicótica cabeça, que fantasia

no espelho o melhor e pior sem si,

a sufocar-se no discerne que angutia.
...

Em fascínio

vejo minha vida ruir.

Nuvens que sempre temi.

Toda a fotografia desbotada

que não sabe qual sua distância,

enquanto aqui sigo no solitário fugir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O Que Dizer de Cores Fracas

Hoje, enquanto caminhava para casa,

vi uma cor a qual não me presenteei;

áurea desbotada, que de mim aspirei:

porque agi com tanta contradição?
...

Covardia, burado humano,

que tão humana me encasulei.

Burro ato, de tom profano,

que do que acredito me afastei.
...

Olho as rosas e as chamo de manhã.

Não que haja diferença para nomes,

mas sei bem o tempo que desperdicei

semeando a sem garra que me tornei.
...

Não sei, extamente, onde estou;

para perguntar-me o que quero.

Bate aqui, ainda, o coração que escorracei;

em ato mesquinho de me negar: eu falhei.
...

Buraco humano de covardia;

que de tão profundo nem reparei,

à noite, o que aqui virava dia;

enquanto este alguém eu afastei.
...

Humanos tão covardes, tão humanos.

Humanos das más sortes, tão insanos.

Humanos de coragem ou tão profanos.

Humanos que de cores tão fracas são...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Entre Ontem e Amanhã

Eu queria saber o que você diria HOJE a você mesmo,

ao se olhar no espelho e ver os calos e rugas,

que a vida lhe deu de presente, ou lhe vendeu pelo tempo:

Os veria como uma conquista? Ou como uma derrota?
...

Qual seu medo? O que há por trás deste olhar vago?

Vá, se solte! Vamos, me diga! Qual sua cor favorita HOJE?

Só HOJE... Deixe fluir... Eu só queria saber:
quem é você HOJE.

Sufocando o Grito

Um grave tom de ironia me exprimi,

contradigo a mim e contrario o mundo.

Este cego mundo a observar-me fixo.

Ou serei apenas eu que o sinto assim,

prepotência dos compulsivos.
...

Uma rouca cor de lucidez chama-me,

mas eu não vou, eu não quero, eu não.

Aquele silêncio do estrondo borbulhou.

Foi apenas um arrepio, ou talvez seja eu,

querendo mais uma vez negar os fatos.
....

Um negro calor de realidade me cala,

estou no vácuo do grito, da corrida.

Minha cabeça dói a lágrima deprimida.

O socorro não chega e o alambrado rachou;

"Serei eu quem caiu?"; delírio não é redenção.
...

Um grave tom de ironia me espreme,

para lembrar que o mundo continuou.

Este cego que me tornei, demente fixo.

Algo que ninguém sente não existe,

mas o que fazer com o que eu senti?

Universos Silenciosos

Quando vestidos,

em nossas alegorias cotidianas,

parecemos dois estranhos.

Abismos do discernimento.

Distância intrasponível

a máximos olhares de canto,

cutucões e sorrisos sem graça.
...

Então ele me olha

nos olhos e penetra-me

a alma.

É como se milênios

se passassem, nesse

cosmo infinito.
...

Em tão pouco, despidos

de qualquer dispersão.
...

Estamos tão

próximos,

inevitavelmente

únicos, unidos

em respiração

e pele.
...

Quando somos

inimaginavelmente distantes.
...

Dos sorrisos,

relapsos tão puros.

Das conversas intermináveis

e inentendíveis

para qualquer organismo

que nunca levitou

entre tantas insígnias.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Abstinência

( Sexta-feira a noite em Florianópolis)

Alguns dias me parecem tão vagos
...

Procurando uma maneira de fugir

Querendo um lugar para me esconder

Um colo para deitar e ficar muda

Litros de vinho e chopp para me afastar

Qualquer dose de abstinência de mim

Parar o mundo para descer, parar de ser
...

Alguns dias me parecem tão vagos
...

E você não esta aqui, em mim

Para me esconder nos teus olhos

Para me calar em gemidos

Para me drogar de prazer

Qualquer dose de abstinência de mim

Parar o mundo para me conhecer em ti
...

Alguns dias me parecem tão vagos
...

Há quem não diga te amo, apenas olá

Contornando o mundo com tinta

Pintar as telas da mente, mentir

Para ver, além do real, a arte

Qualquer dose de abstinência de mim

Parar o mundo para criar, recriar-me
...

Alguns dias me parecem tão vagos
...

E eu continuo aqui, sem mim

Para me esconder dos meus olhos

Para me calar dos gemidos

Para me drogar sem prazer

Qualquer dose de abstinência de mim

Parado mundo, onde parada estou
...

Alguns dias me parecem tão vagos

domingo, 9 de agosto de 2009

Hasteando Bandeiras Molhadas

Já há tempos

tentei fugir,

mas estava amarrado

até no descanso da rede.
...

Preguiça contemporânea,

trama de fios, estopa,

levitar apoiado

de quem não sabe voar.
...

Liberdade. Movimento. Apatia.
...

Tão perto e tão distante do mar

iludi-me saber andar sobre as águas.

Não querendo ser mais um

galho a afundar.
...

O vento.

A dúvida

de se deixar levar

ou se agarrar.
...

Liberdade. Movimento. Apatia.
...

Estouros de emoção.

A visão negra

de quem só sabe

olhar para dentro.
...

Mas é preciso

agarrar o que é distante,

alongar-se, estender-se

e distender-se de si.
...

Liberdade. Movimento. Apatia.
...

Estar preso apenas

por um fio entre

a realidade preto e branco

e todo o colorir
...

Andando sempre

no mesmo pêndulo.

Andando sempre

sem sair do lugar.
...

Liberdade. Movimento. Apatia.
...

Buscar. Eterno buscar.

Insatisfação de quem

se iludi no lúdico

de se recostar.
...

Querer ser

uma borboleta,

mas apenas prender-se

mais ao casulo.
...

Liberdade. Movimento. Apatia.
...

Foi então que

em um impulso,

de quem espera a muito

a beira do precipício, cai.
...

Agarrando-me até o último fiapo

do que eu tinha na sombra

de um passado, de um inseto preso

na teia diante do céu azul.
...

Liberdade.
...

Entregue a nostalgia,

que desperdicei

minhas últimas forças

neste lapso

de tempo incoerente

e ao fim de minha

ambigüidade

libertei-me.
...

Movimento.
...

E nos tempos do agora

ninguém mais

pode me ver,

pois quem está

preso a farrapos

só sabe dizer

que panos molhados

são perígosos.
...

Apatia

Um Tapa

Um tapa nasce

do acasalamento

de formigas na mão

com pontadas no peito.

Neste estágio ele é ainda

grudado a mãe, indefeso,

sem grandes certezas,

ou dúvidas,

não passa de um inocente

sopro de vida.
...

Um tapa cresce

quando a mão espalma,

com a tensão e raiva

de um guerreiro ferido.

Ele agora é independente

e visível ao mundo,

mas nas suas infantes

travessuras ainda pode

se esconder atrás

do escudo fiel do sarcasmo.
...

Um tapa amadurece

como árvores a busca de luz,

ganhando de um membro

a altura de um arranha-céu.

Vilão da vingança, formado

no "v" do que é braço

e do que vem antes,

na postura de um adulto ereto,

com convicções inabaláveis

no auge de sua carreira.
...

Um tapa envelhece

a cada milímetro que decai,

para o seu fim certo,

enrugando-se em

tentativa tão humana

de reafirmar juventude.

Tudo é nostalgia e reflexão,

incertezas terrenas a buscar,

ainda que no inferno,

compaixão.
...

Um tapa morre

em um "plaAaft",

que muitos confundirão

com o Big-bang

ou o fim do mundo.

Neste estágio é o caótico

da fisicoquímica da matéria

que não pode ser vista

na velocidade vermelha

da luz que se estampa

na maçã esquerda

de um rosto pálido.
...

Um tapa nos assombra

cada vez que lembramos,

como alma penada

que insistimos afirmar

ser de outro mundo.

Mas, um tapa, é

uma verdade insólita

e inexoravelmente

condescendente,

que teremos de conviver

ao reler as páginas

de nossa história.

Como Lidar com Isso?

Já parou para se perguntar

como lidar com uma situação inusitada,

dessas de filme de ficção científica?
...

O que fazer quando a maçã cai da árvore,

mas não chega à cabeça do físico

e fica flutuando eternamente?
...

Para onde deve ir o ônibus sul

se todos os passageiros presentes

querem ir para o norte?
...

Como olhar sua avó se trocando?

sábado, 8 de agosto de 2009

Janelas da Ansiedade

Gostaria que me esperasses

como eu te espero,

como uma andorinha

a esperar um novo verão,

ainda que no inverno.
...

Gostaria de ter teu gosto,

como um rosto que atravessa

o frio das gotas na janela,

manicômio da clausura,

refletindo a minha solidão.
...

Gostaria de ti, não minto,

como um cão do osso

que nunca abandona,

mesmo que distante

tiver de procura-lo.
...

Gostarias de mim talvez,

como mais um remédio,

tomado na hora marcada

e esquecido na agitação,

que o neutraliza em pó.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Que Fica Guardado

( Inverno em Florianópolis )

Sentir, sentir é uma contradição

sinestésica sobrevivendo

entre, tanto mofo.

Aquilo que envolve

tudo, camada de lodo

a engolir minha vida.
...

Medos e certezas de ser,

de não estar, do querer.

Uma nuvem de fumaça

preenche, não deixando

fugir daquilo que exalo,

ou mesmo, que me inspira.

Tremor de cada gesto,

mas sei, que nunca existiu.
...

E a música que toma

cor e luz, perante

a solitária noite escura.

Enjôo, de quem engoliu

a vida de uma vez

e agora, não sabe como

rumina-la em novo jardim.
...

Reclamo, às vezes,

por todas as flores

que, nunca mais, comprei

e nem chegaram por correio.

Vejo-me, apodrecendo

com toda esta chuva

persistente, porém sem forças.

Escondida nas sombrinhas

esperando o sol, que tanto evitei,

do dia que chamou-se de amanhã.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Ferrão da Abelha

Sou um monstro.

Um monstro lapidado

a cerca do tempo,

deformado por cada

dia de vida.

...

Quero esfolar isto

que me reveste no asfalto

e mostrar para o mundo

o grotesco que sou.

...

Quero retratar esta

minha cara inchada

a escorrer repúdio

dos olhos e nariz;

coisinha encolhida

que vejo espelhar.

...

Quero me matar,

me afogar em minhas

próprias lágrimas,

engasgar nesse amargo

e grosso muco que desce

pela minha garganta.

...

Quero quebra todos

os espelhos com meu grito

tenebroso de angústia,

melancolia e terror.

...

Quero rasgar a minha

roupa e mostrar,

cada cicatriz, toda

verdade repugnante

que negamos enxergar.

...

Quero cortar a pele,

revelando o quão apática

é a monotonia de quem vive

nessa poça vermelha.

...

Quero interromper todos

meus ciclos, fazer meu coração

parar de bater, minha cabeça

parar de pensar, minha mão

parar de tremer rabiscar

insultar palavras compulsivas.

...

Quero a certeza

de que nenhum óvulo

vai de mim despertar.

Não quero ser Frankenstein,

enfrentando a criatura

que só quer se libertar.

...

Quero, por fim, apenas

recolher cada pedaço de mim

em uma mochila, entrar

em mata inexplorada.

...

Como pode ser bela

a pedra sem lapidação.

Como simples a vida é.

Como pode ser doce o mel

da abelha que fugiu da colméia.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Quadra(o) de Saudade

Essa mania insensata de esperar,

querer sempre mais, superar.

Otimismo cego de que algo chegará,

mas que o que é bom nunca mudará.

...

Piegas, juvenil, sonhadora burra,

és apenas mais uma que murmura.

Ao bel prazer do que virá,

tomas do que nunca saciará.

...

Essa mania insensata de desejar,

viver do lúdico e querer sempre gozar.

Destempero opaco que perseguirá,

pois a linha do horizonte não alcançará.

...

Choro infantil, mimo que forra

na mente, um agarrar de cintura.

Oh, meu Bem! O prazer chegara

e agora até esqueço que fugira(á).

sábado, 18 de julho de 2009

Aceleração Constante

Ela vai que nem respira

Inventa um novo passo

Ela é quem te inspira

Sentado a acabar mais um maço

...

Ela torce o pé, nem sente

Usa a queda de impulso

Ela não teme a mente

E segue além do discurso

...

Ela não conhece barreira

Sempre olha para trás

Ela bate de cara com a fronteira

Mas só sabe para frente andar mais

...

Ela ri dos sinais vermelhos

Inimiga do amarelo e da estática

Ela corta-se nos galhos

Equilibrando-se a cada cerca

...

Ela não sabe o fim e nem tem ninho

Mas não perde o ritmo ou reprova o dia

Ela faz da roleta russa o caminho

Procurando a própria tragédia

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sobre Lagartas e Borboletas

Olhas o pássaro no ar

com suas asas a rebentar

Enquanto tu ficas no chão,

lagarta a perder a razão

...

Difícil saber o que fazer

quando o boque começa a apodrecer

E tem-se a sensação de estar

juntamente a segui-lo, a secar

...

Toda borboleta já esteve a restejar,

alguns terrestres podem sonhar

Mas é necessário tear

O próprio casulo para voar

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Que Fica na Roupa

Amores são passageiros, são fumaça

Sempre existe, mas fácil se disfarça

Sublimando enquanto a banda passa

Não resistem ao vento ou à vidraça
...

Flores vermelhas tão belas e imparciais

Caçoando de toda a aura dos espirituais

Mas seus aromas não têm nada de habituais

Amores são essências, não são essenciais
...

Amores vêem cheiro e não cor

Dês do suave tato a troca de calor

Quando se torna indescritível o sabor

Maravilhas indigna de penhor
...

Difíceis de reconhecer sem o perfume

Fixado na roupa tão desforme

No chão depois de matar a fome

Amores são até que a fragancia consome

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Herói de Gesso

Ainda não sei se o que me domina, certezas ou medos, são

Meu coração é daqueles que dispara a cada resvalão

Minha mente, sempre alerta, procura por prisão

...

Mas tudo que quero é fugir

Fingir que nem ligo

Que do mundo me desligo

Sem nunca subtrair

...


Não sei ser juiz nem ladrão

E me transformo em uma pessoa em vão

...

Porque meu grande dom é mentir

Transformar tudo para um novo

Para um eterno sorrir

...

Surrealmente mascarada

Me vejo engulir seco

Enquanto de pulmões suplico:

Não tenho medo de nada!

...

Sei ser, dizer e correr

E nunca aprendi a viver

A Emoção da Vez

Às vezes sinto frio e não tem como aquecer

Às vezes a fome é só vontade de viver

O tempo não para e eu nunca o alcanço

Horas que tudo que ouço é um coração manso

...

Solidão é uma sirene que não quer calar

E com força os punhos não para de apertar

Sou um rastro rasteiro da emoção

Convivendo com a dura voz da razão

...

Às vezes meu espírito se distrai

É quando minha boca me trai

Em dó menor frente à grandiosa canção

Agora é apelo não mais sensação

...

Durmo como um cão a perseguir o rabo

Agarrando sonhos sem compaixão

Não passo de um rastejante rato

Se alimentando do que ficou em vão

...

Às vezes só quero ser aquilo

Aquela frágil dinamite no teu bolso

Eterna preciosidade zelada

Mas sempre pronta para explodir

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Malas a Cortas os Ombros

Houve um tempo em que sentia

a necessidade de ver meu sangue

e sentir a dor da carne

para saber que estava viva

...

Cicatrizes depois este ritual transformou-se

apenas em velhos lenços manchados

no fundo da gaveta

...

Mas hoje, quando a vida me pegou no flagra,

enquanto a adrenalina por meu corpo vaza

e tudo que quero é não pensar

...

Esse elo me pegou em cheio

me cortou o sussego

e fez meu corpo gritar

...

Deste pequeno corte estou

rubra a delirar,

a sussurrar segredos

que me nego a acreditar

...

Por uma gota de sangue

a suporar feridas

quardadas a pus e magoas

da brisa de outra estação

...

Sou obrigada a sentir

toda a felicidade e tristeza

que deixo na vida que vim

que levo pra vida que sou

Filhote de Cegonha

Em reflexo de um espelho,

de alguma calmaria

entre a tormenta das águas,

me via pronta.

...

Em partida de uma certa ambigüidade,

de semente em escarpa

entre pássaros em seu primeiro vôo,

sou a beira do abismo.

...

Em dúvida se irei planar ou cair,

de uma certeza única

entre afogados e sonhadores,

vou além do horizonte.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Só o Sol

Estou só...

Mais uma vez no ar

Mais uma vez sem mar

Pra me quebrar como onda

Pra me salgar como amada

...

Sou o sol...

Mais uma vez nascente

Mais uma vez sorridente

Pra lapidar diamantes

Pra esquecer os distantes

...

Só o sol...

Menos enubliado

Menos envergonhado

Pode exergar-me assim

Pode vir a reconfiar em mim

A Esperança que Envelheceu

Os sonhos morrem antes do sol

A vida já nasce sem esperança

Então me explique tal

paradoxo de ser criança!

...

Um patinho feio

Um boneco de neve a derreter

Um metro e meio

Um mundo inteiro pra conhecer

...

As borboletas voam para o fim

A vida já nasce sem esperança

Então desvendem em mim

o paradoxo de ser criança!

...

Uma avenida principal

Uma neblina cobrindo quedas

Uma fantasia real

Uma das dádivas perdidas

...

Verdades nascem com a claridade do sol

A vida já nasce sem esperança

Então me expliquem tal

paradoxo de ser criança!