Sou um monstro.
Um monstro lapidado
a cerca do tempo,
deformado por cada
dia de vida.
...
Quero esfolar isto
que me reveste no asfalto
e mostrar para o mundo
o grotesco que sou.
...
Quero retratar esta
minha cara inchada
a escorrer repúdio
dos olhos e nariz;
coisinha encolhida
que vejo espelhar.
...
Quero me matar,
me afogar em minhas
próprias lágrimas,
engasgar nesse amargo
e grosso muco que desce
pela minha garganta.
...
Quero quebra todos
os espelhos com meu grito
tenebroso de angústia,
melancolia e terror.
...
Quero rasgar a minha
roupa e mostrar,
cada cicatriz, toda
verdade repugnante
que negamos enxergar.
...
Quero cortar a pele,
revelando o quão apática
é a monotonia de quem vive
nessa poça vermelha.
...
Quero interromper todos
meus ciclos, fazer meu coração
parar de bater, minha cabeça
parar de pensar, minha mão
parar de tremer rabiscar
insultar palavras compulsivas.
...
Quero a certeza
de que nenhum óvulo
vai de mim despertar.
Não quero ser Frankenstein,
enfrentando a criatura
que só quer se libertar.
...
Quero, por fim, apenas
recolher cada pedaço de mim
em uma mochila, entrar
em mata inexplorada.
...
Como pode ser bela
a pedra sem lapidação.
Como simples a vida é.
Como pode ser doce o mel
da abelha que fugiu da colméia.
Um monstro lapidado
a cerca do tempo,
deformado por cada
dia de vida.
...
Quero esfolar isto
que me reveste no asfalto
e mostrar para o mundo
o grotesco que sou.
...
Quero retratar esta
minha cara inchada
a escorrer repúdio
dos olhos e nariz;
coisinha encolhida
que vejo espelhar.
...
Quero me matar,
me afogar em minhas
próprias lágrimas,
engasgar nesse amargo
e grosso muco que desce
pela minha garganta.
...
Quero quebra todos
os espelhos com meu grito
tenebroso de angústia,
melancolia e terror.
...
Quero rasgar a minha
roupa e mostrar,
cada cicatriz, toda
verdade repugnante
que negamos enxergar.
...
Quero cortar a pele,
revelando o quão apática
é a monotonia de quem vive
nessa poça vermelha.
...
Quero interromper todos
meus ciclos, fazer meu coração
parar de bater, minha cabeça
parar de pensar, minha mão
parar de tremer rabiscar
insultar palavras compulsivas.
...
Quero a certeza
de que nenhum óvulo
vai de mim despertar.
Não quero ser Frankenstein,
enfrentando a criatura
que só quer se libertar.
...
Quero, por fim, apenas
recolher cada pedaço de mim
em uma mochila, entrar
em mata inexplorada.
...
Como pode ser bela
a pedra sem lapidação.
Como simples a vida é.
Como pode ser doce o mel
da abelha que fugiu da colméia.