segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Malas a Cortas os Ombros

Houve um tempo em que sentia

a necessidade de ver meu sangue

e sentir a dor da carne

para saber que estava viva

...

Cicatrizes depois este ritual transformou-se

apenas em velhos lenços manchados

no fundo da gaveta

...

Mas hoje, quando a vida me pegou no flagra,

enquanto a adrenalina por meu corpo vaza

e tudo que quero é não pensar

...

Esse elo me pegou em cheio

me cortou o sussego

e fez meu corpo gritar

...

Deste pequeno corte estou

rubra a delirar,

a sussurrar segredos

que me nego a acreditar

...

Por uma gota de sangue

a suporar feridas

quardadas a pus e magoas

da brisa de outra estação

...

Sou obrigada a sentir

toda a felicidade e tristeza

que deixo na vida que vim

que levo pra vida que sou

Filhote de Cegonha

Em reflexo de um espelho,

de alguma calmaria

entre a tormenta das águas,

me via pronta.

...

Em partida de uma certa ambigüidade,

de semente em escarpa

entre pássaros em seu primeiro vôo,

sou a beira do abismo.

...

Em dúvida se irei planar ou cair,

de uma certeza única

entre afogados e sonhadores,

vou além do horizonte.